25 de julho de 2023.
Mestre Freud,
Resolvi ler os seus textos fundamentais sobre a clínica psicanalítica (certamente vou lê-los outras vezes). A partir da minha leitura, eu colhi pensamentos valiosos. Foram 50 pontos temáticos que me chamaram a atenção. Isso não significa que se esgotem neles tudo aquilo que trata o setting analítico. Claro que cada um desses itens precisa ser analisados e esclarecidos. Mas não cabe aqui. Seguem alguns ensinamentos e regras da técnica psicanalítica que retirei de seus textos fundamentais a respeito da sua clínica:
1. O analista deve seguir a regra fundamental, a associação livre.
2. O analista deve manter a atenção flutuante.
3. Na análise, as desordens do corpo e da alma são desalojadas através da palavra.
4. Não há análise sem transferência.
5. Abdique da sugestão (aqui vale a frase de Hamlet: “Tomes-me pelo instrumento que for, não poderias me tocar”).
6. A conclusão assintótica da análise é indiferente e nunca uma decepção para o analista.
7. Os sintomas desparecem por conta própria sem a ingerência da sugestão.
8. O analista deve observar as ocorrências involuntárias na fala sem constrangimento do analisante.
9. O analista deve se lembrar que as amnésias resultam do recalque.
10. O analista deve treinar e estudar a arte da interpretação analítica.
11. A análise deve fazer com que os recalques sejam acessíveis.
12. O fim da análise não é chegar a um estado ideal do analisante.
13. O fim da análise é dar ao analisante a capacidade de realizar e desfrutar a sua própria vida.
14. A análise não introduz algo novo, mas se ocupa da ideia patogênica que precisa ser expurgada.
15. Não há por que se preocupar com a velocidade do tratamento.
16. Numa análise bem feita não há por que se preocupar com um possível dano ao analisante.
17. As comunicações do analista só podem ocorrer quando o analisante se aproximou adequadamente do material recalcado e ele se afeiçoou suficientemente ao analista (transferência).
18. Não se aprende eficazmente a técnica analítica através de livros, mas na própria atividade do setting analítico, o que exige tempo e dedicação.
19. Não há por que o analista ficar preocupado com o que foi dito pelo analisante.
20. O analista deve proceder sem intenção e ficar desarmado (aqui vale o pensamento de um velho cirurgião: “Eu fiz os curativos, Deus os curou”).
21. O inconsciente do analista deve estar em sintonia com o inconsciente do analisante.*
22. O analista não deve tolerar nenhuma resistência em si mesmo.*
23. O analista deve ser como uma “superfície espelhada” para o analisante.
24. O analista deve tolerar as fraquezas do analisante e focar na aptidão dele.
25. Na análise a transferência pode ser a mais forte resistência contra o tratamento.
26. O analista deve saber lidar com as dificuldades e desafios da transferência.
27. O analista não deve começar a análise sem antes fazer uma sondagem com o candidato à análise, para ver se o caso é adequado à análise.
28. O analista não deve prometer ao analisante que será curado.
29. O analista deve recusar candidatos próximos a ele ou tenham certo nível de proximidade com alguns de seus analisantes.
30. O analista deve se abster de querer que o analisante permaneça na análise.
31. O analista deve deixar à vontade o analisante para decidir se quer continuar na análise.
32. O analista não deve indicar o que o analisante deve falar.
33. A transferência deve ser suave e positiva, mas nunca de maneira categórica.
34. O analista deve dar tempo ao analisante para que este entre em análise.
35. Na análise as únicas dificuldades sérias dizem respeito ao manejo da transferência.
36. Não podem diminuir no analisante a sua necessidade e anseio de transformação.
37. A veracidade é a base do tratamento analítico.*
38. Nos fenômenos da transferência, o analista deve manter a abstinência, ou seja, ocupar-se com a dinâmica do sofrimento psíquico e a recuperação do analisante.*